Reforma tributária será essencial para o pós-pandemia

A futura reforma no sistema tributário brasileiro precisa trazer mudanças abrangentes, com foco especial em garantir a simplificação e a segurança jurídica para a indústria, mas sem aumentar a carga tributária do setor de alimentos e bebidas, afirmou ao JOTA o vice-presidente de relações corporativas da Ambev, Ricardo Gonçalves.

Em entrevista por e-mail, Melo disse que um modelo mais simples e unificado pode permitir às empresas da área tomar decisões pensando apenas em aspectos de produtividade, sem ter que lidar com a complexa carga tributária atual. “Isso, sem sombra de dúvidas, leva ao crescimento”, diz.

Para o executivo, essa mudança no sistema tributário é importante para a sobrevivência das empresas no pós-pandemia da Covid-19. As indústrias, segundo Melo, não conseguirão “fazer as rupturas necessárias”, se a reforma tributária não for ampla.

Leia na íntegra a entrevista:

Mudanças tributárias são uma das principais reivindicações do setor de bebidas no país. Qual a avaliação da Ambev sobre a nova proposta de reforma tributária? Há pontos positivos da reforma para o setor?

O país necessita de um sistema tributário que seja mais simples, que reduza drasticamente a quantidade de impostos, a complexidade e o custo da sua operação, e que não aumente ainda mais uma das cargas tributárias mais altas do mundo para a atividade produtiva.

E aí se insere toda a indústria brasileira, não só a de bebidas. Há boas propostas de reforma em discussão, e nesse estágio em que se encontram, diríamos que a reforma, para que seja eficaz e atinja os objetivos que falamos aqui, precisa ser abrangente. Uma reforma parcial traria apenas resultados parciais.

Já existe uma projeção de impacto para o setor de bebidas?

É muito difícil falarmos em impactos com cenários ainda indefinidos. Temos a ideia de que um modelo mais simples e unificado trará mais segurança jurídica e permitirá que as empresas aloquem seus recursos e tomem suas decisões de negócio pensando apenas em aspectos de produtividade. E isso, sem sombra de dúvidas, leva ao crescimento.

Há algum aspecto da reforma que afeta diretamente o modelo de negócio da Ambev? Se sim, o que mais preocupa?

A reforma como ela deveria acontecer, ou seja, da forma mais abrangente possível, afetaria qualquer modelo de negócio. Hoje, a maior preocupação é que ela seja efetiva e abrangente o suficiente para endereçar as necessidades de simplificação e segurança jurídica, sem aumentar a alta carga impositiva que já existe sobre a indústria.

A empresa está fazendo alguma mudança importante por causa da reforma? Há alguma providência sendo tomada para minimizar possíveis impactos?

No momento, estamos acompanhando as discussões e, assim que as propostas forem conciliadas e aprovadas, vamos entender de fato todos os impactos e a melhor forma de nos adequarmos.

No caso de questões relativas à possibilidade de aumento da carga tributária, o governo diz que não consegue calcular o impacto efetivo que a reforma terá em cada setor, porque há muitas regras, benefícios e isenções. Em termos de alíquotas, no pós-reforma, alguns pagarão menos e outros mais. O conceito que o governo defende é que, com o tempo, a simplificação trará benefícios a todos, como a diminuição do contencioso. Como a Ambev vê esse raciocínio?

As empresas terão que se reinventar no pós-pandemia. Mesmo em um país de discussões polarizadas como o nosso, em uma coisa todos os lados concordam: nessa luta pela sobrevivência pós-caos, tudo que as empresas não precisam é de um sistema tributário complexo, com baixa segurança jurídica e alto custo de conformidade, e que resulte numa alta carga impositiva.

Todos aprendemos a viver com menos e de forma mais simples, e essa lógica precisa ser aplicada também ao nosso sistema tributário.

Nós, indústrias, não conseguiremos fazer as rupturas necessárias para a sobrevivência sem uma reforma tributária abrangente.

Apenas assim a atividade produtiva brasileira reencontrará o caminho do crescimento.






Fonte: jota.info